A candidatura de Gabriel Souza (MDB) ao governo do Rio Grande do Sul carrega um dilema clássico: como transformar a experiência de vice-governador em capital político próprio? Por ora, seu nome aparece mais associado à sombra de Eduardo Leite (PSD) do que a um projeto autônomo. Essa dependência o torna reconhecido, mas ainda pouco lembrado como opção de poder.
Em nossa pesquisa, quem se inclina por Gabriel hoje é, em sua maioria, um eleitor maduro, de classe média e com alta escolaridade. É um perfil que valoriza eficiência e gestão, e menos propenso a discursos emocionais ou identitários. Predomina a ideia de que o Estado deve ser mais leve, mas não ausente, um “Estado necessário”, nas palavras que já marcaram o atual governo. Essa base, embora reduzida, mostra que Gabriel tem apelo em segmentos que buscam estabilidade e previsibilidade.
Sua força potencial está em herdar a marca da moderação de Leite, mas justamente aí reside seu maior risco. Se parecer apenas o “vice que continua”, pode ser engolido pela lógica eleitoral que cobra novidade e identidade própria.
Ao mesmo tempo, há nele a chance de encarnar uma direita de gestão, diferente do populismo conservador de Zucco e do liberalismo ortodoxo de Van Hattem. Gabriel pode falar de impostos mais baixos e serviços que funcionem, mas sem gritar nem radicalizar.
Curiosamente, seus potenciais eleitores circulam entre nomes de direita liberal e conservadora, mas mantêm abertura para Leite como referência de confiança. É um eleitor pragmático, que prefere Tarcísio ou Zema para a Presidência, Heinze ou Van Hattem para o Senado, mas que reconhece em Leite e, por extensão, em Gabriel, um selo de seriedade.
Isso mostra que há um espaço político intermediário que Gabriel pode ocupar: nem a radicalização da extrema direita, nem o tecnicismo de Leite, mas uma promessa de gestão estável.
Para crescer em 2026, Gabriel precisará romper a barreira do “vice” e apresentar-se como líder de um projeto próprio. Seu eleitorado potencial valoriza moderação, mas espera também sinais claros de identidade: onde quer chegar, o que propõe e como se diferencia.
Se conseguir transformar essa imagem de gestor em narrativa mobilizadora, pode se tornar competitivo. Caso contrário, corre o risco de permanecer como continuidade burocrática de um governo que já sofre com desgastes, sem emoção nem tração eleitoral.
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José Carlos Sauer – Diretor do Instituto Methodus, especialista em comportamento político e graduado em Filosofia Política. Há mais de 25 anos atende disputas eleitorais, conduzindo pesquisas de opinião, interpretação de dados e análises, além do direcionamento estratégico para campanhas.
Ouça a entrevista na Rádio Gazeta – Análise sobre os resultados da pesquisa – Vozes da Classe Média
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