Os resultados apresentados a seguir devem ser interpretados considerando o perfil dos eleitores entrevistados nesta pesquisa. É importante relembrar que estamos tratando de uma parcela significativa do eleitorado do Rio Grande do Sul, cerca de 40%, composta por pessoas com ensino médio ou superior (40,7% – fonte T.S.E.), com mais de 35 anos e em situação de atividade econômica, identificados com a classe média do RS.
Vale relembrar que os eleitores desalentados são, em sua maioria, pessoas com menor escolaridade e renda familiar inferior a três salários-mínimos. Nesse contexto, os representantes da classe média formam um grupo de considerável importância na influência, participação e definição do voto, especialmente em eleições acirradas, característica recorrente nos pleitos do Rio Grande do Sul.
No artigo anterior, os entrevistados indicaram que percebem o Estado estagnado ou em retrocesso, demonstrando claramente um desejo por mudança. Com essa informação em mente, apresentamos a você os atributos desejados em um futuro governador e o Mercado Político dos nomes que foram testados.
Boa Leitura!
Quais são, na sua opinião, os principais atributos desejados em um próximo Governador?

Os dados revelam que o eleitor da classe média gaúcha valoriza atributos associados à capacidade de diálogo, competência técnica e sensibilidade social. Para 54,3% dos entrevistados, o próximo governador deve ser alguém que saiba dialogar com todos os setores, demonstrando apreço por uma liderança articuladora e aberta ao pluralismo. Em seguida, 50,8% destacam a importância de um gestor técnico, focado em resultados, indicando uma demanda por experiência administrativa. Já 47% buscam um representante com propostas sociais, o que reforça a expectativa de compromisso com políticas públicas inclusivas. Esses três atributos, que lideram com ampla margem, evidenciam um eleitorado que rejeita extremos e busca um perfil equilibrado, capaz de unir competência, empatia e governabilidade.
Reconhecemos a dificuldade de reunir, em um único candidato, todos os atributos desejados pelo eleitor. Ainda assim, nosso propósito é compreender como esses atributos influenciam o desempenho dos possíveis candidatos no Mercado Eleitoral.
O gráfico do Mercado Político, revela a percepção sobre as chances de voto de cada possível candidato ao governo do RS, representadas no gráfico por cores distintas:
Nenhuma chance (cinza): O eleitor afirma que não votaria nesse candidato em hipótese alguma, o que pode caracterizar desconhecimento ou rejeição.
Pouca e Média chance (amarelo): Indica um campo intermediário, o candidato não é a principal escolha, mas ainda é considerado viável.
Muita chance (azul escuro): Indica forte disposição de voto ou simpatia consolidada.
Na sua avaliação, qual é a Chance de você votar em cada uma destes candidatos?

A seguir, projetamos os perfis dos pré-candidatos avaliados no Mercado Político, com base nas preferências da classe média gaúcha.
Edegar Pretto (Esquerda) – Possui uma base significativa na faixa “muita chance” (38%), o que revela um eleitorado consolidado. Os principais atributos identificados em Edegar são atuação junto a movimentos populares e pautas progressistas. Sua força está na defesa de políticas públicas inclusivas. Sua oportunidade está em dialogar com setores tradicionais da sociedade.
Luciano Zucco (Direita) – Possui uma base significativa em “muita chance” (24,9%), indicando um eleitorado consolidado. Os principais atributos de Zucco são defesa da ordem e identificação com valores tradicionais. Sua força está na conexão com eleitores que priorizam segurança. Sua oportunidade está em dialogar com os demais setores da sociedade.
Juliana Brizola (Centro-Esquerda) – Apresenta o maior percentual na faixa “média/pouca chance” (47,1%), o que sugere potencial de crescimento. Seus principais atributos são herança de capital simbólico e atenção a educação. Sua força está na representação de pautas trabalhistas. A oportunidade está em apresentar sua habilidade de gestão.
Gabriel Souza (Centro-Direita) – Registra alto índice de “nenhuma chance” (63%), o que sugere desconhecimento ou rejeição. Seus principais atributos são experiência administrativa e proximidade com o governo estadual. Sua força está no conhecimento da máquina pública. Sua oportunidade está em projetar uma identidade própria e inovadora.
Augusto Nardes (Direita) – Apresenta o maior índice de “nenhuma chance” (76,1%), o que evidencia seu desconhecimento. Seus principais atributos são a trajetória técnica e a experiência no Tribunal de Contas. Sua força pode residir na imagem de gestor com perfil técnico. Sua oportunidade está em estabelecer vínculos com o eleitorado gaúcho.
Esses dados reforçam que, embora a disputa ainda esteja em fase preliminar, a classe média já esboça preferências claras e critérios específicos. Candidatos que desejam avançar nesse eleitorado precisarão demonstrar capacidade de diálogo, gestão eficiente e compromisso social. Atributos que, juntos, moldam a expectativa por um novo ciclo de liderança no Estado.
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José Carlos Sauer é formado em Filosofia pela PUC-RS, pesquisador em comportamento político, consultor estratégico, analista de dados e diretor do Instituto Methodus. Com mais de 25 anos de experiência no cenário eleitoral brasileiro, destaca-se na análise de tendências e no uso inteligente de dados para estratégias competitivas eficazes.
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