Nesta divulgação da série, Vozes da Classe Média, apresentamos os resultados do Mercado Político para o Senado Federal e a Presidência da República.
Como já mencionamos, esta pesquisa se debruça sobre um perfil específico de eleitores, classificados por nós como pertencentes à classe média. Cabe lembrar que estamos tratando de uma parcela expressiva do eleitorado do Rio Grande do Sul, cerca de 40%, composta por pessoas com ensino médio ou superior (40,7%, fonte: TSE), com mais de 35 anos e em situação de atividade econômica, características que definem o público identificado com a classe média gaúcha.
No primeiro artigo, apresentamos os resultados relacionados à percepção sobre o momento atual do Estado e às expectativas em relação ao próximo governo. Já na segunda publicação, abordamos os atributos mais desejados em um futuro candidato ao governo do Estado, assim como as chances de voto dos nomes testados no Mercado Político, revelando os principais traços identificados em cada pré-candidato avaliado.
Os resultados a seguir demonstram as chances de voto atribuídas a cada pré-candidato avaliado, reforçando a percepção já destacada no artigo O Vácuo da Direita e do Centro no Rio Grande do Sul: o Estado passa por um processo de realinhamento político, marcado pela ascensão de novas forças no campo da direita, pelo fortalecimento de lideranças à esquerda e pela perda de competitividade dos partidos tradicionais.
Boa Leitura!
Na sua avaliação, qual é a Chance de você votar em cada uma destes candidatos?

A disputa presidencial segue marcada pela polarização. Lula obtém 45,4% na categoria “muita chance”, seguido por Tarcísio, com 33,1%. Entre os nomes avaliados, são os únicos que apresentam performances consolidadas nas extremidades da escala: amor e rejeição caminham lado a lado na definição do voto para a Presidência, esvaziando candidaturas de centro.
Na sequência, chama a atenção os desempenhos de Romeu Zema (Novo) e Michele Bolsonaro (PL), com 17% e 18,3%, respectivamente, na mesma categoria. Ambos começam a ser considerados como alternativas dentro de uma direita que ainda busca identidade após o afastamento do seu principal representante.
O atual governador Eduardo Leite (PSD) obtém na categoria “nenhuma chance” (76,6%), apesar do seu capital político local. Em seguida, destaca-se Ronaldo Caiado (União), que apresenta o maior percentual na soma de “pouca + média chance” (32,9%), indicando o crescimento do conhecimento sobre sua candidatura.
A solidez da base eleitoral de Lula no Rio Grande do Sul é confirmada ao se comparar os resultados do segundo turno da eleição de 2022, quando ele obteve 43,6% dos votos válidos, com os 45,4% registrados na categoria “muita chance” na pesquisa atual. Os dados indicam a consistência do apoio ao ex-presidente entre os eleitores gaúchos.
Em contrapartida, naquela mesma eleição, o então presidente Jair Bolsonaro alcançou 56,3% dos votos válidos, representando um mercado político expressivo, ainda em aberto, que não foi plenamente conquistado pelos atuais pré-candidatos alinhados à direita ou, em alguns casos, ao bolsonarismo.
O cenário atual evidencia um contraste marcante: de um lado, a esquerda conta com um voto consolidado, mas enfrenta desafios para expandir sua base; do outro, a direita apresenta uma multiplicidade de nomes, refletindo uma fragmentação que, por ora, não se traduz em identificação ou mobilização efetiva. Assim, enquanto a esquerda mantém sua força entre eleitores fiéis, a direita ainda busca um nome capaz de unificar preferências e conquistar, de fato, corações e mentes no Rio Grande do Sul.
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O cenário do Mercado Político para o Senado Federal reforça a tese da fidelização do eleitorado de esquerda. Na simulação, os candidatos Paulo Pimenta (PT) e Manuela D’Ávila (sem partido) registram percentuais muito próximos na categoria “muita chance” de voto 38,2% e 36,7%, respectivamente, evidenciando uma escolha ideológica consolidada, que tende a se manter fiel aos representantes do campo progressista, independentemente do nome colocado. Já Eduardo Leite, que obteve 26,8% dos votos válidos no primeiro turno da eleição para o governo do Estado em 2022, alcança na soma das chances de voto, 27,8% das citações para o Senado, sugerindo que sua eventual candidatura pode atrair um eleitorado semelhante ao que já o apoiou anteriormente.
Os candidatos Onyx Lorenzoni (PL) e Luiz Carlos Heinze (PP) demonstram competitividade no campo da direita. A soma das chances de voto atribuídas a Onyx chega a 37,4%, enquanto Heinze alcança 38,7%, indicando um potencial expressivo de votos a ser conquistado. Vale lembrar que, no primeiro turno da eleição para o governo do Estado em 2022, Onyx obteve 37,5% dos votos válidos , por sua vez, Luiz Carlos Heinze foi eleito senador em 2018 com 21,9% dos votos válidos, um patamar que o atual cenário do Mercado Político indica ser possível de alcançar novamente em 2026.
Ao analisar os diferentes cenários para o Senado e a Presidência, é possível concluir que a disputa no Rio Grande do Sul permanece fortemente polarizada, com a concentração de votos em candidatos genuinamente identificados com campos ideológicos opostos antecipando, desde já, o confronto entre representantes do lulismo e os saudosos do bolsonarismo.
No Senado, o eleitor progressista sinaliza uma fidelidade marcante, no entanto, é precipitado presumir que as duas vagas serão preenchidas por nomes desse campo. Logo atrás, surgem opositores competitivos, que já demonstraram capacidade de crescer na reta final e surpreender nas urnas, reafirmando que, no Rio Grande do Sul, previsibilidade raramente é regra e que o jogo político só se define nos minutos finais.
José Carlos Sauer é formado em Filosofia pela PUC-RS, pesquisador em comportamento político, consultor estratégico, analista de dados e diretor do Instituto Methodus. Com mais de 25 anos de experiência no cenário eleitoral brasileiro, destaca-se na análise de tendências e no uso inteligente de dados para estratégias competitivas eficazes.
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