O estudo coordenado pelo Instituto Methodus, intitulado “Vozes da Classe Média – Os Impactos das Cheias de 2024 na Vida e na Política do Rio Grande do Sul”, divulgado na primeira quinzena de julho, investigou os efeitos das enchentes de 2024 e a recorrência de grandes volumes de chuva em 2025, que reavivaram parte da tragédia em diversas regiões do estado.
A pesquisa permitiu compreender o grau de impacto desses eventos na vida dos gaúchos, identificar possíveis responsáveis, avaliar o nível de confiança nas autoridades e perceber como a população enxerga a atuação dos governantes frente à reconstrução prometida.
Mas o estudo revelou algo ainda mais profundo.
Mais do que desconfiança, frustração e decepção, emergiram sentimentos como medo, insegurança, dúvida e raiva. Emoções que não se apagam com o tempo nem com obras anunciadas. As cheias de 2024, e sua repetição, ainda que com menor intensidade, em 2025, deixaram marcas que vão muito além dos prejuízos materiais. Elas feriram emocionalmente quem as vivenciou de forma tão profunda que dificilmente haverá cura simples.
Quando perguntamos diretamente sobre os impactos emocionais, 58,8% dos entrevistados relataram sentimentos de desânimo e ansiedade. Mas tem mais.
Ao aprofundar o estudo, percebemos que existem cicatrizes que não desaparecem com o passar dos meses. Veja:

Perceba que a sensação de perda, tristeza e desânimo habitam o cotidiano de muitas pessoas. Mas o que mais se destaca é o medo. Medo que volta com força toda vez que chove forte.
A chuva, que sempre foi sinônimo de fartura, renascimento e esperança, especialmente para um estado cuja economia é fortemente sustentada pela agricultura, hoje evoca pavor. Em vez de alívio, traz tensão. Em vez de acalanto, provoca desespero.
E quanto maior foi o impacto vivido, mais profundo é esse medo.
O sentimento de negligência e descaso atinge 59,8% da população ouvida. Essa percepção corrói algo fundamental: a confiança nas autoridades que deveriam minimizar os danos e proteger a vida das pessoas diante de um desastre dessa magnitude.
Quando a confiança se rompe, a própria lógica da democracia representativa enfraquece. Afinal, como se sentir representado quando se está debaixo d’água, literal e emocionalmente, e cada nova chuva traz o medo de reviver toda a dor?
A ausência de respostas concretas não apenas alimenta a desilusão, mas também distancia a população do processo político. Nesse cenário, o sentimento coletivo é de abandono. A ferida não se fecha porque, a cada nova tempestade, ela é revisitada.
É preciso, mais do que nunca, encontrar uma liderança capaz de ouvir, agir e, sobretudo, ajudar a curar as feridas que a chuva abriu, na terra e na alma dos gaúchos.
Pesquisa Vozes da Classe Média – Metodologia
A pesquisa foi realizada com 500 entrevistas digitais, aplicadas por meio de plataformas acessadas via smartphones, tablets e computadores. O recrutamento dos respondentes ocorreu de forma orgânica e dirigida, durante a navegação cotidiana em ambientes digitais.
A amostra foi calibrada com base nas variáveis sexo, idade, escolaridade, renda e região, assegurando a representatividade do eleitorado gaúcho. A margem de erro é de ±4 pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.
O público-alvo da pesquisa é composto por eleitores com ensino médio ou superior completos, mais de 35 anos e inserção ativa no mercado de trabalho. Esse grupo representa aproximadamente 40% do eleitorado do Rio Grande do Sul e é especialmente sensível às variações econômicas e à efetividade das políticas públicas, sobretudo nas áreas de segurança, emprego, educação e desenvolvimento regional.
A pesquisa utilizou a Methodus ID – Inteligência Digital, metodologia exclusiva do Instituto Methodus para coleta, calibração e análise de dados via plataformas digitais, com foco em representatividade eleitoral.