A história e a vitória do ‘Prefeito Invisível’ constituem uma representação intrigante da política brasileira contemporânea, que aborda questões complexas relacionadas ao descontentamento popular, ao desalento eleitoral e aos desafios impostos pela pandemia de COVID-19. Esta narrativa fictícia explora as implicações de um cenário no qual um prefeito invisível emerge como uma alternativa viável aos políticos tradicionais, baseando-se principalmente nos votos de abstenção, brancos e nulos, refletindo o desalento eleitoral, nas eleições municipais de 2020 em cinco capitais: Porto Alegre, Rio de Janeiro, Curitiba, Goiânia e São Paulo.
No gráfico a seguir, é possível analisar a comparação entre os votos obtidos pelos prefeitos eleitos e os votos atribuídos ao fictício “Prefeito Invisível” em diversas capitais, com base nos dados fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE):
Esta visualização oferece uma perspectiva clara da diferença entre os votos e destaca a expressiva preferência dos eleitores pelos votos de abstenção, brancos e nulos, representados pelo “Prefeito Invisível”.
Porto Alegre:
- Votos do Prefeito Eleito: 370.550
- Votos do “Prefeito Invisível”: 404.431
Curitiba:
- Votos do Prefeito Eleito: 499.821
- Votos do “Prefeito Invisível”: 513.256
Rio de Janeiro:
- Votos do Prefeito Eleito: 1.629.319
- Votos do “Prefeito Invisível”: 2.308.868
São Paulo:
- Votos do Prefeito Eleito: 3.169.121
- Votos do “Prefeito Invisível”: 3.649.457
Goiânia:
- Votos do Prefeito Eleito: 277.497
- Votos do “Prefeito Invisível”: 443.688
Esses dados demonstram claramente que nas eleições municipais de 2020 em várias capitais brasileiras, os votos de abstenção, brancos e nulos, representados pelo “Prefeito Invisível,” superaram os votos recebidos pelo prefeito eleito em cada uma dessas cidades. Isso sugere um forte descontentamento dos eleitores com os políticos tradicionais e uma busca por alternativas, onde o eleitor está querendo manifestar sua indiferença ou seu protesto e indignação.
A pandemia de COVID-19 desempenhou um papel na abstenção, mas os números indicam que a insatisfação com a política é um fator significativo. Os eleitores estão buscando mudanças e demonstraram isso nas urnas.
Essa tendência destaca a necessidade de os políticos tradicionais e os analistas políticos considerarem seriamente as preocupações dos eleitores e trabalharem para reconstruir a confiança nas instituições políticas. A vitória do “Prefeito Invisível” nas urnas é um lembrete poderoso da dinâmica em constante evolução da política e da importância de ouvir e responder às vozes do eleitorado.
O “Prefeito Invisível” representa uma metáfora poderosa para essa insatisfação popular. Ele surge como um líder alternativo que não faz parte da política tradicional, baseando sua plataforma na transparência e na participação popular. Sua possível vitória, como demonstrado, enfatiza a busca dos eleitores por uma mudança real, independente das estruturas políticas existentes.
Alessandro Rizza é Italiano, mora no Brasil. Graduado em Filosofia pela Universitá degli Studi di Catania, na Itália. Mestre em Filosofia pela University College of Dublin, na Irlanda. Atualmente, é pesquisador em comportamento político e analista de pesquisas do Instituto Methodus.