Este estudo se fundamenta em uma análise quantitativa e qualitativa dos dados eleitorais disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), aplicando métodos estatísticos avançados e técnicas de análise de agrupamento para identificar e compreender distintos perfis eleitorais brasileiros.
Utilizando a perspectiva da teoria da identidade partidária e do comportamento eleitoral contextual, apresentamos aqui uma análise, que descreve o perfil dos eleitores brasileiros, ressaltando as motivações socioculturais, econômicas e psicológicas que influenciam suas escolhas políticas.
O Eleitor Conservador Rural
Este grupo, majoritariamente alinhado à direita, é composto por indivíduos com cerca de 45 anos, ligados ao agronegócio, especialmente em regiões rurais e pequenas cidades do Centro Oeste. Caracteriza-se pela adesão a pautas conservadoras, valorização da segurança pública e preferência por uma economia com intervenção mínima do Estado. A baixa escolaridade nesse grupo explica parcialmente sua elevada taxa de abstenção eleitoral. Estratégias políticas eficazes incluem campanhas via WhatsApp e YouTube, enfatizando segurança e apoio ao agronegócio.
O Eleitor Popular Progressista
Dividido quase igualmente entre direita e esquerda, esse perfil é composto por trabalhadores do setor de serviços ou beneficiários de programas sociais, concentrados em grandes centros urbanos como Salvador e Recife, além de cidades do interior. Apresentam um perfil econômico vulnerável, valorizando políticas sociais e econômicas de distribuição de renda. A ambivalência ideológica deste segmento sugere alta suscetibilidade a campanhas direcionadas, especialmente pela televisão aberta e redes sociais emergentes (Instagram e TikTok).
O Eleitor Tradicionalista em Transformação
Majoritariamente à direita, composto por indivíduos de cerca de 38 anos, residentes em cidades médias da Amazônia, trabalhadores autônomos ou da construção civil. Adotam valores conservadores, mas demonstram abertura a políticas de desenvolvimento regional. A escolaridade média correlaciona-se com uma participação eleitoral estável, porém moderadamente influenciada por questões locais e infraestrutura. Comunicação via rádio, televisão local e WhatsApp é especialmente efetiva.
O Eleitor da Direita Liberal
Este perfil, fortemente à direita, é constituído por empresários e profissionais liberais, com alta escolaridade, residentes em áreas urbanas do interior paulista e bairros de classe média alta. A adesão ao liberalismo econômico, com forte oposição à corrupção e aos impostos elevados, é central para este grupo. Seu alto engajamento político e educacional implica uma participação eleitoral destacada. Estratégias recomendadas envolvem mídia tradicional e digital (podcasts e YouTube), abordando economia liberal e anticorrupção.
O Eleitor Tradicionalista e Regionalista
Com maioria à direita, este grupo caracteriza-se por comerciantes e agricultores de ascendência europeia em pequenas cidades do Sul, conservadores culturais e céticos quanto ao governo federal. Escolaridade média ou inferior se correlaciona com taxas significativas de abstenção. Estratégias devem enfatizar identidade regional e comunicações em rádios comunitárias e grupos locais no WhatsApp.
O Eleitor Globalizado
Majoritariamente de esquerda, é formado por jovens, com média etária de 30 anos, residentes em grandes metrópoles internacionais. Alta escolaridade e vivência em contextos progressistas reforçam seu engajamento em temas como ambientalismo e direitos humanos. Comunicação eficaz inclui portais internacionais, Twitter e podcasts. Este grupo demonstra elevada participação eleitoral e é influente digital e ideologicamente.
Cada perfil identificado neste estudo é impactado por fatores específicos como escolaridade, contexto regional e fontes de informação. Tendências futuras sugerem um aumento da influência digital e da polarização ideológica. Mudanças demográficas e econômicas, além do avanço tecnológico, tendem a aprofundar diferenças entre esses grupos, exigindo estratégias cada vez mais sofisticadas e segmentadas nas campanhas eleitorais. A compreensão desses fatores é fundamental para uma atuação política assertiva e efetiva no Brasil contemporâneo.
Gostou do artigo?
Ouça e compartilhe – pelo Youtube ou spotify!
Leia também:
O Vácuo da Direita e do Centro no Rio Grande do Sul
O Novo Mapa Político do Brasil
José Carlos Sauer é formado em Filosofia pela PUC-RS, pesquisador especializado em comportamento político, consultor estratégico, analista de dados e diretor do Instituto Methodus. Com mais de 25 anos de experiência no cenário eleitoral brasileiro, consolidou seu conhecimento sobre dinâmica do comportamento eleitoral, análise de tendências e desenvolvimento de estratégias políticas eficazes. Sua atuação se destaca na transformação de dados em inteligência aplicada, otimizando campanhas e decisões dentro de ambientes políticos altamente competitivos.