As análises sobre o Comportamento Político originam-se a partir das avaliações do desempenho do agente político fundamentadas na opinião dos eleitores. Nos estudos comportamentais, sempre que transpormos a resposta individual do entrevistado, para o âmbito coletivo através do agregamento dos dados, chegaremos ao conjunto de informações que desejamos conhecer. Portanto, ao solicitamos ao eleitor uma nota para o Prefeito, partimos da opinião individual, para após, construirmos o resultado coletivo calculando a média das avaliações A opinião capturada na nota representa o limite daquilo que o eleitor conhece até o momento da sua entrevista.
No entanto, ao transportarmos sua resposta para a análise agregada dos dados, fatalmente perderemos o caráter individual da avaliação. Este é o nosso problema: Calcular médias em um análise quantitativa sem abandonar o caráter qualitativo das justificativas.
Como solução, aplicamos em nossas pesquisas de avaliação da administração duas questões; a primeira solicita uma nota de 1 a 10 para o desempenho do Prefeito até aquele momento, a segunda, convoca o entrevistado a explicar sua nota em uma pequena frase.
Agora, de posse de duas informações distintas, em primeiro a nota e em segundo a justificativa, avançamos, partindo das justificativas para em seguida organizar grupos de notas, mantendo entre eles a identidade qualitativa das respostas.
Como exemplo analisamos os resultados da pesquisa realizada na Capital do Rio Grande do Sul. Os resultados quantitativos revelam que Sebastião Melo, em uma escala de 1 a 10, é um Prefeito com média de avaliação máxima de cinco virgula cinco (5,5).
Agora, iremos agrupar os resultados das justificativas, reunindo as notas e suas respectivas respostas, formando subgrupos qualitativos de notas. As notas de um a seis (1 a 6) correspondem a 35% dos entrevistados e recebem justificativas similares, para esta parcela dos eleitores o prefeito Sebastião Melo – MDB:
A percepção deste grupo de eleitores pode ser compreendida na frase; ‘a cidade continua a mesma’. Para eles, as melhorias, a manutenção e os investimentos não são perceptíveis. Grande parte desta população reside nos bairros periféricos da cidade, onde a carência de serviços e atendimento se sobrepõe as entregas que o atual prefeito vem realizando.
Chegamos agora ao conjunto de notas que vai de sete a oito (7 a 8) e que corresponde a 30% dos entrevistados. A parcela dos eleitores que avalia o prefeito com notas de 7 a 8, o consideram principalmente um bom gestor que entregou muitas obras. Observe que as qualidades do Prefeito estão principalmente ligadas a realizações e a sua conduta pessoal, para este eleitor, Sebastião Melo é um prefeito eficiente.
As notas máximas foram agrupadas de nove a dez (9 a 10), neste grupo estão 13% dos eleitores da Capital. Para eles, as justificativas são: O cumprimento das promessas de campanha, o interesse do prefeito pela cidade, e a percepção de que existem melhorias sendo feitas. Diferentemente das avaliações anteriores, aqui o eleitor consegue transmitir a percepção de valor por aquilo que vem sendo realizado, ultrapassando o âmbito pessoal da sua avaliação.
Observamos até aqui a importância qualitativa das justificativas, para cada nota que o eleitor dá ao seu prefeito. Conhecer o motivo da nota é preponderante para irmos além da média, ou seja, devemos ouvir atentamente o eleitor, oferecendo a ele a oportunidade de apresentar suas justificativas.
Como verificamos, o Prefeito de Porto Alegre Sebastião Melo obtém média 5,5, principalmente porque a maioria dos eleitores não percebe mudanças na cidade ou em seus bairros, para eles, nada mudou e Porto Alegre não se resume apenas a orla do Guaíba. Devemos ainda relembrar, o atual Prefeito foi eleito com a menor votação nominal dos últimos 16 anos na Capital, o que afeta sua avaliação, pois a maioria dos porto-alegrenses não optou por Sebastião Melo em 2020.
Para os eleitores impactados por melhorias a nota chega a sete ou oito, revelando em suas avaliações características de ordem pessoal do prefeito, como atencioso, interessado e trabalhador.
Aqueles que ofereceram notas nove ou dez conhecem melhor a rotina da administração, são também os que possuem maior lembrança das administrações anteriores, e por comparação consideram a atual melhor.
Como referência histórica e com fins comparativos, resgatamos as médias de avaliação dos Prefeitos da Capital obtidas no acervo de pesquisas do Instituto Methodus.
Vejamos as médias de avaliação obtidas pelos Prefeitos José Fortunati, Nelson Marchezan e Sebastião Melo, no período de suas respectivas administrações:
Para além das médias nos ocupamos com as justificativas para a nota, estas quando se tornam conhecidas, alargam a compreensão sobre a avaliação que o eleitor faz a respeito do trabalho que seu prefeito vem realizando na cidade.
Acesse aqui o Ranking dos Prefeitos da Região Metropolitana do RS.
José Carlos Sauer é Filósofo, Pesquisador em Comportamento Político e Diretor no Instituto Methodus. Nos últimos vinte e três anos, orientou políticos e governos nos estados do Rio Grande do Sul, Acre, Roraima, Amazonas, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Alagoas e Paraná.
Conheça o Ranking dos Prefeitos da Região Metropolitana de Porto Alegre.
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